sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Orar, um ato de amor!

“Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus” (Romanos 8, 26-27).


Sempre que pensarmos em oração, precisamos entendê-la como um diálogo com Deus. Se analisarmos a essência da palavra “diálogo” veremos que nada mais é do que uma conversação entre duas ou mais pessoas.
Portanto, assim deve ser a nossa oração com Deus. Uma conversa sincera, amorosa e íntima com o Senhor, entregando o que de mais precioso temos em nossa vida: o coração; como ensina Jesus no evangelho “onde está o teu tesouro, lá está o teu coração” (Mateus 6, 21).
São Paulo diz nesse trecho que Deus conhece o coração e intercede por nós, através daquilo que sentimos. Por isso, a oração precisa antes de tudo, de um coração sincero e cheio de fé, liberto de todas as amarras que impedem de chegar de forma verdadeira a Cristo, libertação essa que somente o Espírito Santo pode realizar.
Muitos de nós, ao longo da caminhada, esquecemos que a oração é um diálogo amoroso onde, ao invés de falar somente, preciso ouvir a voz de Deus em minha vida. Deus fala e direciona-nos para o caminho que é Cristo através de Sua palavra, que exorta, conforta, ama e acolhe todos nós.
Orar é um ato de amor! Não pode ser um fardo ou uma obrigação a ser cumprida. Precisa ser um ato sincero do coração que ama aquele com quem está dialogando. Quem ama quer estar perto, conversar, abraçar e dar atenção a pessoa amada.
Muitas vezes, ouço pessoas dizerem que estão sempre rezando... Lavando louça, passando roupa, trabalhando ou fazendo qualquer outra coisa. Tudo bem, não que isso não seja bom! Porém, precisa existir em nossa vida cotidiana um espaço que dedicamos para a oração pessoal.
Aquele momento onde eu paro todas as coisas e deixo todos os meus afazeres para estar com o Senhor, ouvindo-O pela sua palavra (Bíblia) e vivendo intensamente esse momento de amor. Quem verdadeiramente faz isso escolhe a melhor parte da vida, e essa não lhe será tirada, como diz o Senhor para Marta no evangelho de Lucas 10, 38-42.
Quando a oração vivida de forma intensa e verdadeira, ela é capaz de gerar frutos em nossas vidas, e nos aproxima do amor verdadeiro a Cristo. Essa oração não precisa ser longa ou com palavras bonitas e difíceis, mas intensa em sentimentos e propósitos sinceros do coração.
Jesus Cristo orou e aconselhou seus amigos dizendo: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mateus 26, 41). Ele mesmo nos deu esse exemplo e orou muito em sua caminhada aqui na terra. Somente a oração nos ajuda a vencer as nossas fraquezas humanas e limitações pessoais, e nos transforma a cada dia na busca da santidade e das virtudes.
Muitas vezes não conseguimos entender as coisas que acontecem em nossa vida se não for através da oração. Quando Cristo na sua angústia suprema pede ao Pai que afaste aquele cálice que ele teria que beber, Jesus colocou a Deus seu mais puro e verdadeiro sentimento que estava no coração. Por três vezes ele pediu em oração: “Pai, afasta de mim esse cálice” (Marcos 14, 36). Porém, no silêncio supremo de Deus Pai Jesus entendeu a resposta e logo disse: “Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres”.
Nesse trecho percebemos o fruto mais verdadeiro de uma oração sincera com Deus, fazer a vontade de Deus em nossa vida, e não a nossa. A vida de oração precisa nos ensinar isso sempre! Muitas vezes rezamos isso todos os dias, e não percebemos a seriedade e o compromisso assumido quando rezo “seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”.
A oração do Pai nosso é bela por que saiu do mais profundo do coração de Cristo que viveu e testemunhou essa oração na sua plenitude.
Enfim, orar é, sem dúvida, um ato de amor e compromisso, quando deixo de lado as minhas realidades e certezas, para viver as certezas de Deus. Que o Espírito Santo possa orar em nós e nos ensinar como e o que devemos pedir, fazer e realizar para agradar a Deus plenamente.
Deus abençoe a todos!
Escrito por: Adryadson F. Nappi

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quem ama, doa a vida...

“Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu sua vida por nós. Também nós outros devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos. Quem possuir bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amem com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade” (I João 3, 16-18).


Dentro do contexto em que vivemos nos dias de hoje o amor é banalizado e incompreendido. João nos traz então uma preciosidade literária e repleta de sentido, nos ensinando sobre o amor. O conhecer do amor verdadeiro é necessário para todos nós, para assim compreendermos melhor o que realmente esse amor pode realizar em nossa vida.
É importante perceber que a idéia de amor que João quer nos mostrar está em doar sua vida para o outro. Não pode existir outro sentido maior do que esse. Assim mesmo ensinou Cristo: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas” (João 10, 11), e ainda afirma dizendo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (João 15, 13).
A essência do amor está no comprometimento e na doação que dedicamos para outrem, e por isso, entregamos a nossa vida no seu sentido mais pleno para que isso seja possível. O discípulo muito amado afirma que o amor não necessita de grandes palavras, mas acima de tudo, está na forma e no jeito de agir, de falar e de sentir esse amor. Grandes momentos de amor geralmente são vividos com poucas palavras e com muita intensidade de sentimento, abraços e carinhos.
Quando pensamos no sentido de “dar a vida” não podemos apenas pensar no sentido “vida e morte”. Vai muito além do que isso! Dar a vida é verdadeiramente dedicar o seu tempo, os seus pensamentos, os seus atos e sua forma de viver para esse amor.
Como o amor de uma mãe, que não mede conseqüências para amar seu filho, em cada comida que faz, em cada roupa que passa, em cada gesto rotineiro e pequeno, que demonstra uma grandiosidade imensurável do amor.
Como o amor dos esposos, que doam o coração, o corpo e a vida para juntos construírem uma família e serem um só no amor com Deus.
Quem ama verdadeiramente deseja livremente dar a vida pelo amado. Madre Teresa de Calcutá já dizia: “O amor só é amor quando dói, se ainda não doeu, é por que ainda não é amor”. O amor verdadeiro passa pela dor, pelo sofrimento, pela dificuldade, e ainda assim, continua vivo e ardente no coração.
É por essa razão que São Paulo afirma em sua carta aos Coríntios “o amor jamais acabará” (I Coríntios 13, 8). Tudo precisa ser fundamentado no amor e todos precisam se entregar a esse Amor verdadeiro que nos amou primeiro.
“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (I João, 4,16), portanto, em nossa essência somos amados primeiro por Deus, para assim termos a capacidade e a possibilidade de amar os outros.
Ao contrário do que se pensa, não precisamos fazer força para amar, pois faz parte da essência natural de nossa criação, quando fomos criados por Deus e Ele nos amou e achou que era bom. O maior esforço está em odiar, e por isso, que o ódio é capaz de gerar doenças físicas e espirituais, pois quem odeia, está lutando com a sua própria essência e naturalidade de amar.
Porém, ao mesmo tempo, a limitação humana exige de nós um esforço diário para amar, pois aprendemos a forma “incorreta” de amar. Exigimos do outro um amor limitado, colocando condições e pré-requisitos para que esse amor possa acontecer, e assim, não conseguimos “amar nossos inimigos” (Mateus 5, 44) como nos pede Jesus no evangelho.
Portanto, a essência do amor está na doação plena que damos de nós mesmos. Quando Jesus anuncia que dará a sua vida para o mundo, Pedro logo se manifesta contra e Cristo lhe pergunta: “Darás a tua vida por mim?” (João 13, 37). Naquele momento, Pedro afirma que sim, mas antes que o galo cantasse três vezes, sua fraqueza falou mais alto. Naquele momento, Pedro amou apenas com palavras, como diz João nesse trecho de sua carta.
Porém, Jesus o reencontrou e logo perguntou: “Pedro, tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas!” (João 21, 15) e assim Pedro fez. Entendeu o amor no seu sentido pleno e que só conseguiria permanecer amando se continuasse firme no amor verdadeiro que é o próprio Cristo.
E assim permaneceu e doou toda a sua vida para a construção desse Reino de Amor, e nos deu o exemplo maior: quem ama, doa sua vida! Aí está o segredo dos santos.
Deus abençoe a todos!
Escrito por: Adryadson F. Nappi