quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pagar o mal com o bem!

“Vede que ninguém pague a outro mal por mal. Antes, procurai sempre praticar o bem entre vós e para com todos. Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. (Tessalonicenses 5,15-17).

A riqueza do sentido cristão nesse trecho é insondável aos olhos humanos. Paulo consegue transformar, em poucas palavras, um valor fundamental para se alcançar o Reino dos céus.
“Que ninguém pague a outro mal por mal”. A lógica moral que nos faz refletir essa frase faz realmente pensarmos ser caminho mais correto. Porém, a complexidade de se aplicar na vida cotidiana é mais difícil do que se imagina.
Cristo diz a mesma coisa de uma forma diferente, quando pede para amar nossos inimigos e rezar por aqueles que nos odeiam. (Mateus 5, 44). Se analisarmos a vida de Jesus, percebemos claramente a sua infinita capacidade de amar aqueles que ninguém conseguia.
Tal Amor que dispensava muitas palavras ou discursos longos... Bastava, muitas vezes, apenas um olhar sincero e misericordioso. Mateus se entregou com um simples “Segue-me” (Mateus 9,9) e Zaqueu abriu a sua casa e o seu coração quando Jesus apenas disse: “Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa” (Lucas 19,5). E aquela prostituta que se rendeu ao olhar de Cristo, sem que Ele precisasse pronunciar nenhuma palavra? (Mateus 8,7).
Jesus em todos esses momentos quis e quer nos ensinar que somente a grandiosidade do bem pode preencher os vastos desertos e abismos dos nossos corações. O que precisamos entender é que pagar o mal com o bem, sem dúvida, é fazer um bem primeiro a nós mesmos e depois ao outro.
Um coração não pode ser feliz se estiver repleto de ressentimentos, mágoas e falta de perdão. Se compreendermos isso, o segredo de “viver sempre contente” que Paulo pede em sua carta está revelado para nós.
A alegria de um coração que perdoa, que ama e que acolhe está muito acima daquele coração empedrado, vingativo e egoísta. Precisamos de um coração restaurado e novo pela prática do amor mútuo e do perdão, pois para vencermos o mal, “os bons precisam ser cada vez melhores” como diz São João da Cruz.
Por isso, Paulo enfatiza dizendo que é preciso “orar sem cessar”. Somente Deus, através do seu Espírito Santo, é capaz de nos transformar e nos dar um coração novo e restaurado.
Assim diz Ezequiel: “Eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra, para substituí-lo por um coração de carne, a fim de que observem as minhas leis, guardem e pratiquem os meus mandamentos, sejam o meu povo e eu o seu Deus” (Ezequiel 11,19-20).
A beleza do Amor de um Deus diferente de qualquer outro, que precisa e quer estar perto de seu povo. Um amor incansável e insondável por aqueles que não merecem e uma proximidade e cumplicidade única para aqueles que verdadeiramente os busca.
Assim canta o salmista: “Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente” (Salmo 144). Portanto, se permanecemos em oração constante, unidos ao Espírito Santo e aos irmãos, conseguimos a força necessária para viver de forma plena esse valor tão importante para os escolhidos de Deus.
Pagar o mal com o bem é semear o amor nos corações e, de alguma forma, fazer a nossa parte para a transformação de uma sociedade mais irmã e uma comunidade verdadeiramente comprometida com sua caminhada rumo aos braços de Deus.
Lembrando sempre que Cristo já nos deu o caminho: “Amai-vos como eu vos amei!”(João 15,12). Fácil? Não... Será que consigo? Sozinho, jamais! Somente pela graça do Espírito Santo!
Deus nos abençoe sempre!
Adryadson F. Nappi

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ele está no meio de nós!

Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18,19-20).

Amados irmãos da Missão Peregrinos do Amor,
Sei que posso dizer com toda fé do meu coração que Cristo sempre cumpre essa palavra para nós. Por isso, precisamos dizer com toda certeza no coração: Ele está no meio de nós!
Sem dúvida, é diante das provações e do cansaço que Ele se apresenta de forma mais real para nós, dando-nos força e coragem para continuar. É o próprio Cristo que nos diz “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mateus 11,28).
Acima de tudo o que Cristo representa em nossa vida, o mais fascinante de se pensar é saber que seu amor não mede conseqüências, condições e muito menos qualidades específicas para se manifestar em nós.
Quando Cristo diz que está no meio de dois ou três, não coloca condições para essas pessoas. Sem dúvida, essa é a maior graça de nosso tempo. O Espírito de Deus é presente na vida de todos, e todos tem acesso a essa graça por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5).
É importante perceber nesse trecho bíblico que Cristo afirma Sua presença onde existe a união verdadeira de pessoas que lutam e vivem por algo em comum. Seja um casal em busca da santidade, ou um grupo de pessoas em pequenas comunidades, ou até mesmo uma grande e densa comunidade de fiéis reunidas, em tudo e em todos, Ele está a ouvir, a restaurar, a edificar e a amar de forma plena e verdadeira.
Pela força de Sua palavra e pelo calor do Seu Espírito, vai tocando e modificando corações empedrados e machucados, pessoas sem coragem e perdidas. Em todo momento, Ele está em nosso meio e acolhe tudo e todos.
Todos nós vivemos a graça que Cristo proporcionou no sábado a tarde em nossos corações. Acredito verdadeiramente que todos nós que vivemos aquela reunião maravilhosa e edificante não temos dúvidas dessa presença divina em nosso meio.
Ele falou através de nossos abraços, choros, dificuldades, dúvidas, cansaços e principalmente, falou através do amor que sentimos uns pelos outros. Cada saudade daqueles que não estão mais na missão e cada alegria de poder ver que ainda estamos aqui, suportando uns aos outros no amor e perdoando mutuamente (Colossenses 3,13).
Só tenho que agradecer a Deus por esse amor incomparável e essa presença maravilhosa em nosso meio, e agradecer a todos vocês, meus irmãos em Cristo, por proporcionar momentos tão maravilhosos e ricos como esse que vivi.
E quero terminar essa carta de amor com uma música que expressa um pouco do meu coração no dia de hoje:

Maior motivo.
Walmir Alencar

A vida oferece tanta coisa
E sei que é tão fácil a gente se apegar
Mas tudo tem um começo e um fim
Tudo passa, tudo passará

Custei a entender o que dizia:
Que vale ao homem ganhar o mundo inteiro
E vir a perder a vida eterna?

Se ainda eu pensar em deixar o meu Senhor,
Me lembrarei que ao fim de tudo, só ele restará

Jesus, fica comigo
Eu imaginava não precisar de mais nada
E percebi que lá no fundo não tinha nem motivo pra viver

Jesus, fica comigo
És tudo que tenho e nada mais me resta
Hoje, meu maior motivo és tu


Deus abençoe a todos!
Adryadson F. Nappi

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Meu Senhor e meu Deus!

“Depois disse a Tomé: ‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. 28Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus!’” (João 20, 27-28).

Refletindo essa passagem onde Cristo retira toda a dúvida do coração de Tomé, percebo um traço característico de nossa fraqueza humana. Muitas vezes, a nossa má interpretação ou até mesmo certa falta de informação sobre a vida de Tomé, sempre pensamos nele como “aquele que não acreditou”.
Precisamos, antes de tudo, saber que Tomé amava muito Jesus e sentiu muita dor com a perda do seu mestre e pastor. Tal dor esta que, conforme diz a Tradição, o fez correr atrás do corpo de Jesus, não aceitando o seu “sumiço” do sepulcro.
Quando Cristo ressuscitou e apresentou-se para seus amigos que estavam reunidos Tomé não estava presente. Aqui podemos ver um ponto importante dessa narrativa evangélica.
A falta de comunhão com os apóstolos o fez fraquejar nos ensinamentos de Cristo, não aceitando a ressurreição. Para ele, naquele momento, era preciso tocar as chagas de Cristo, pois o simples anúncio e testemunho apostólico de todos os seus amigos que tinham presenciado o acontecido não bastavam para sua fé.
Nesse momento, Tomé representa de forma universal um traço característico de nossa humanidade fraca e incrédula, que muitas vezes não consegue crer se não tocar. Tal exigência é característica de pessoas presas à carne, pois precisam tocar e ver para conseguir acreditar.
São Paulo nos ensina que a fé entra pelo ouvido através da pregação (Romanos 10,17), mas para aquele que está preso na carne, não consegue alcançar essa graça. Tomé, naquele momento, se encontrava preso nas coisas terrenas, palpáveis e que pudessem ser vistas e não conseguia dar abertura para as coisas do espírito.
“Bem aventurados aqueles que crêem sem ter visto” afirma Jesus para Tomé, pois estes estão selados pelo Espírito Santo. Deus é Espírito por excelência e nos criou a sua imagem e semelhança, e por isso somos espírito, alma e corpo (Tessalonicenses 5, 23). Por essa razão, falar de fé torna-se tão difícil para alguns, pois é preciso experimentar um encontro espiritual com Deus Espírito Santo.
Somente pelo Espírito Santo é que conseguimos nos aproximar da graça do amor de Deus Pai e Filho, e é Ele, o Espírito Santo, que nos une de forma verdadeira com Deus.
A dúvida de Tomé o levou para os braços de Cristo que lhe estendeu as mãos para tocar Suas chagas. Naquele momento, pode ser que alguns apóstolos também tivessem o mesmo desejo que foi satisfeito pelas mãos de Tomé.
Após a dúvida veio a consciência da fraqueza. “Meu Senhor e meu Deus” foi a declaração de fé que conseguiu sair daquele coração que havia se esfriado nos caminhos da provação cotidiana.
Sem dúvida, Tomé é um grande exemplo para todos nós discípulos e apóstolos de Jesus, para que nunca deixemos de estar aos pés de Cristo, ouvindo suas palavras e aquecendo o coração, na comunhão com a Santa Igreja em suas reuniões e liturgias.
Tomé, como muitos que se dizem cristão nos dias de hoje, precisou ver o milagre e tocar o próprio Cristo para acreditar no seu poder e na sua onipresença e logo foi exortado por Jesus, mostrando que a verdadeira fé muitas vezes não precisa de sinais prodigiosos, milagres palpáveis, gritarias e curas físicas, mas é fruto de um olhar interior para perceber a manifestação da presença de Cristo no coração.
O bom disso tudo foi que Tomé aprendeu a lição, pois na reunião dos doze em Pentecostes ele estava presente, e recebeu a graça do Consolador, Santificador e Encorajador, e assim seguiu para o Oriente e Índia, pregando as maravilhas que Deus tinha feito em sua vida.
E assim, aquele homem que antes era preso na carne foi capaz de dar a sua carne, para o anúncio da verdade evangélica. E assim foi martirizado em nome daquele que um dia entendeu as suas dúvidas e confiou ainda assim a grande missão apostólica.
Acredito talvez que, no momento de seu martírio, tenha lembrado daquele homem velho e preso na carne, que tinha se tornado um homem novo e nascido do Espírito Santo, e declarou novamente, quem sabe olhando para o céu, “Meu Senhor e meu Deus”.
Que a graça do Espírito Santo possa renovar o nosso coração e que, como fez com Tomé, fazermos cada vez mais presos as coisas do Espírito para que possamos crescer de forma verdadeira em nossa fé.
Somente assim seremos verdadeiramente discípulos e apóstolos de Jesus.
“Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumenta a minha fé”.
Deus nos abençoe!
Adryadson F. Nappi