segunda-feira, 8 de março de 2010

A efusão do Espírito Santo.

“Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão” (João 16, 12-13).

Refletindo essa passagem que Jesus anuncia a efusão do Espírito Santo, precisamos tentar tirar algumas coisas importantes para a nossa caminhada.
Infelizmente, a efusão do Espírito Santo foi “manchada” pelo orgulho e falta de discernimento de alguns e, por essa razão, passou a ser desacreditada por muitos. Isso é ruim para a nossa vida espiritual, pois um cristão que não clama a ação do Espírito Santo na vida cotidiana corre o risco de esfriar e até se afastar do caminho de Deus.
Não tenho medo de dizer que, nos dias de hoje, o cristão que não caminha no Espírito não consegue suportar a vida cristã em sua plenitude. Assim, passamos a viver Cristo pela metade e ser cristãos “mais ou menos”, vivendo apenas aquilo que é mais fácil.
Cristo é muito claro no seu discurso para os apóstolos, quando diz que precisava dizer muitas coisas para eles, mas sabia que não iriam suportar tais coisas sem a presença do Espírito Santo. Por essa razão, Ele prefere esperar o “tempo certo” para não perder aqueles que o seguia.
Toda teologia que aprendemos não pode nos afastar da certeza de fé que o Espírito se faz presente em todas as orações, como dizia Santa Terezinha. É Ele, o Espírito Santo, o centro das orações, pois nos dá força para sermos testemunhas e vivermos plenamente na verdade, como diz Cristo nessa passagem do evangelho.
A efusão do Espírito Santo depende da fé de cada um, para reavivar a chama do Espírito Santo que está em nós pela imposição das mãos ungidas de nossos sacerdotes e bispos.
Vemos isso claramente na segunda carta de São Paulo a Timóteo, “Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (II Timóteo 6-8).
Com toda certeza, Paulo está exortando seu filho espiritual a clamar pela força do alto, e reavivar o poder do Espírito, pois somente assim ele conseguiria “sofrer pelo evangelho” e ser testemunha de Cristo Jesus.
A grande polêmica nesse caso é o mal uso de alguns irmãos que dão mais valor para as coisas menos importante. Orar e pedir a efusão do Espírito Santo não é realizar rituais para adquirir “super poderes” como acontece com alguns, que fazem para a promoção pessoal ou de um grupo em questão.
Acima de tudo, a efusão tem conseqüências muito maiores do que simplesmente os dons espirituais. Os dons existem e não podemos discutir sobre isso. O Espírito é o mesmo ontem, hoje e sempre, conforme diz a palavra, e por isso, Ele pode e quer encher o seu povo de dons espirituais.
Porém, o maior dom que pode existir em uma comunidade está descrito em Atos dos apóstolos, onde lemos: “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação” (Atos 2, 42-47).
Esse é o modelo de uma comunidade repleta do Espírito Santo, que caminha firme para a salvação, guiada pelo fogo do Espírito Santo. Os dons espirituais, nesse caso, são os frutos dessa comunidade fiel, unida e perseverante.
Os dons não podem ser a causa de nossas orações, mas precisa ser a conseqüência. Deus presenteia quem Ele quer, com aquilo que Ele precisa, no momento que Ele deseja.
Por fim, não tenho dúvida que em uma oração de efusão do Espírito Santo, Deus concede o dom da palavra, da profecia, de línguas estranhas, de interpretações, e muitos outros mais, e nenhum teólogo pode dizer o contrário, pois estaria sendo totalmente incoerente com a exegese bíblica.
Porém, em todas as orações de efusão, precisamos pedir, acima de tudo, para sermos como aquela primeira comunidade cristã, pois todo o resto vem em acréscimo.
E onde deve acontecer a efusão do Espírito Santo? Em todas as orações da igreja, e de maneira mais que especial, na consagração do pão eucarístico, onde é o Espírito Santo que realiza a mudança da nossa oferta de pão e vinho, para corpo e sangue de Cristo! Essa é a maior e mais sublime efusão, pois Cristo se faz presente em nossa vida, através dela.
Não perca tempo, corra para a missa!
Deus nos abençoe sempre, e que o Espírito Santo invada e aqueça os nossos corações, fazendo-nos fortes e testemunhas do Seu amor. Amém.

Escrito por: Adryadson Flabio Nappi