quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O encontro de Levi

“Depois disso, ele saiu e viu sentado ao balcão um coletor de impostos, por nome Levi, e disse-lhe: Segue-me” (Lucas 5, 27).


A vida é um emaranhado de encontros e desencontros. Hoje estive sentado em um banco qualquer da praça e por algum tempo, fiquei observando o movimentar das pessoas que passavam por mim.
Fiquei ali refletindo o sentido de certas coisas e observando a reação de cada um. Gosto de observar a vida e o cotidiano é a matéria prima das minhas reflexões.
Percebi que alguns passavam por mim tão perdidos de si mesmos, que quase atropelavam a própria pressa. Expressões fechadas e passos largos, carregando nos ombros quem sabe uma multidão de problemas.
Outros já esboçavam um tímido “boa tarde” com um gesto de cabeça. Pareciam estar mais voltados para a presença do outro ao seu lado e menos perdido em seus próprios problemas.
Outros ainda pareciam estranhos demais... Andavam no meio das pessoas com um fone de ouvido como se no mundo só existe ele. Outros passavam sorrindo e conversando sozinho, parecendo achar graça em alguma coisa.
Enquanto isso, uma mulher toda suja, magra e triste quase era atropelada por essa pequena multidão que passava... Olhei tudo isso e comecei a pensar em Deus...
Na essência de minha reflexão, percebi a grandeza onipresente de Deus, que tudo sabe e tudo conhece de todas aquelas diferentes pessoas.
De uma forma ou de outra, caminhamos para um desconhecido que chamamos de futuro, sem saber o que nos espera. A beleza de tudo é entender que cada um daqueles que passavam tinham suas individualidades, medos, experiências vividas, decepções, alegrias e inquietações, mas, no mais profundo da existência, todos caminhavam em busca de um lugar para ser feliz.
Comecei a refletir na capacidade de Jesus em mostrar algo que, muitas vezes, passamos a vida correndo atrás e não alcançamos. Lembro-me de Levi, aquele coletor de impostos que se encontrou no olhar misericordioso de Cristo.
Levi estava trabalhando, sem pretensão alguma de nada, vivendo como excluído por trabalhar para os romanos e cobrando os impostos abusivos da época. Vivia no cotidiano comum de sua vida morna, quando de repente se vê perdido no olhar de um Homem repleto de compaixão, amor e sabedoria.
Jesus olhou para Levi e, sem dizer coisa alguma, mostrou que poderia ser diferente. O “segue-me” de Cristo naquele momento, foi uma resposta para aquilo que silenciosamente gritava no interior do coração de Levi.
Quantas pessoas que na correria do cotidiano, estão vivendo como aquele cobrador de impostos? Quantas delas buscam silenciosamente um olhar misericordioso de alguém, um olhar que as façam voltar-se para o que verdadeiramente importa na vida?
Quem será que mais precisa desse encontro? A pobre que mendigava ou o rico que tropeçava em sua pressa e em seus problemas? Quantos de nós passamos a vida realizando algo que sabemos que não me levará para a tão sonhada felicidade, simplesmente por aceitar a condição que o mundo me ofereceu?
Sim... Precisamos nos encontrar com esse homem que nos faz voltar para aquilo que deixamos de acreditar... Um “herói” diferente de todos os outros... Muito mais do que isso... Um Homem que viveu todos os segundos de sua vida para lembrar-nos da verdade máxima do amor e da valorização daquilo que desvalorizamos...
Um Homem que separou das multidões os cegos, paralíticos, leprosos, pobres, marginalizados e tudo o que ainda insistimos em “marginalizar”... Um Homem grandioso que deu valor a tudo que era pequeno... Um Deus menino ou um Homem entregue nas mãos das autoridades?
A força desse encontro de Levi em um dia normal de trabalho é incrivelmente fascinante, mas o convite de Cristo é ainda mais. Seguir Cristo é caminhar ao encontro de uma contradição desconcertante: um Homem fracassado em uma cruz ou um Deus abrindo as portas do céu?
Não tenho dúvida que tudo começa pelo encontro! No fundo, todos caminhamos para isso, de um jeito ou de outro, todos estaremos diante desse olhar penetrante... Mais cedo ou mais tarde, cada um do seu jeito e na sua condição, todos caminhamos para Deus.
A pergunta é: qual caminho estamos trilhando para o momento do nosso verdadeiro encontro? No fim de tudo, isso será o fator determinante... Como dizia Santa Madre Teresa de Calcutá, se você fizer e der o melhor de si para o outro, pessoas terão inveja de você e o tentarão fazer desistir do caminho. Dê o melhor de si assim mesmo, pois no final de tudo, será entre você e Deus, nunca foi entre você e as pessoas.
Deus nos abençoe!

Escrito por: Adryadson Flabio Nappi

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Aquela cruz...

(Adryadson Flabio Nappi)


Estava levando uma vida normal. Como de costume, estava de passagem na cidade e, com minha família, visitando o Templo para as festividades da Páscoa. Porém, naquele ano, aconteceu algo muito diferente dos outros.
Andando pela cidade com minha filha, percebi que um tumulto muito grande acontecia em frente do Palácio de Pilatos, o governador. Aproximei-me devagar e percebi que estava acontecendo um julgamento de dois ladrões.
Um deles havia sido condenado, e juntamente com mais dois outros ladrões, aquele Homem começou a levar a sua Cruz. Confesso não entender muito que estava acontecendo. Ao meu lado, percebi muitas mulheres chorando desesperadas, enquanto os soldados O maltratavam e humilhavam em público.
Decidi ficar um pouco distante daquilo tudo... Não queria me envolver com aquilo... Mas algo aconteceu com aquele Homem, que de repente caiu ao chão. Parecia estar acabado... Chegando ao limite de suas forças físicas...
Foi então que um dos soldados veio em minha direção e perguntou meu nome. Sem entender o que estava acontecendo, disse com voz um pouco trêmula: “Simão”. Imediatamente, aquele soldado ordenou que eu ajudasse aquele condenado a levar sua Cruz.
Minha vontade era de sair correndo naquele instante. Como poderia? Eu, um homem inocente carregar a Cruz de um condenado? Com o coração duro, gritei para todos que ali estavam: “Quero que fique claro que não sou culpado de nada!”.
Quando acabei de dizer isso, voltei os olhos para aquele homem chagado e caído ao chão, que me olhou com ternura e permaneceu em silêncio. Ainda mais confuso por tudo aquilo, ajudei-o a levantar do chão e, juntos, colocamos aquela Cruz sobre nossos ombros.
Estranhamente, aquele pedaço de madeira pesava mais do que qualquer outro. Por um momento, pensei que jamais seria tão pesado assim. Enquanto isso, muitas pessoas insultavam aquele homem “mudo”, e os soldados continuavam a chicoteá-lo.
Ele me olhava como alguém nunca me olhou. No seu silêncio ensurdecedor, ele me agradecia por aquilo de uma maneira única. Ele estava acabado... Cansado... Triste... Estava tentando arrumar forças para chegar até aquele calvário...
Por mais uma vez Ele caiu... Novamente, os soldados batiam Nele, obrigando-o a levantar-se. Ele permanecia calado. Minha garganta deu um nó angustiante. Como Ele poderia ficar tão quieto perante aquilo tudo.
Eu já não estava agüentando mais... Gritei para os soldados que O deixassem em paz. Por um instante, eles até o deixaram. Novamente, estendi os braços para aquele Homem desfigurado. Suas mãos estavam pegando fogo de tanta febre.
Mais uma vez ele me abraçou. Juntos, levantamos novamente aquele pedaço de maneira com peso de chumbo, e continuamos nossa angustiante caminhada rumo aquele monte. Pensei que não fosse agüentar... Debaixo daquele sol quente, minhas forças estavam acabando...
Aquela Cruz estava muito pesada... Olhei novamente para aquele Homem, que com muita coragem, começou a fazer mais força. Senti então o peso aliviar dos meus ombros... Agora sim parecia estar carregando uma simples cruz de madeira.
Aquele Homem olhou para mim e esboçou um leve sorriso. Seu rosto coberto com o sangue que vinha da cabeça coroada com espinhos, não conseguia cobrir o olhar penetrante daquele Homem.
Sem pronunciar nenhuma palavra, caminhamos juntos até aquele lugar chamado Gólgota. Enfim chegamos... Completamente consumido, o Homem caiu ao chão. Estranhamente, caí de joelhos e comecei a chorar.
Aquele silêncio tocou em mim de uma maneira única. Jamais tinha visto alguém assim. Seu jeito de olhar... Seu jeito de amar em meio aquela dor... Aquele dia, que parecia ser como qualquer outro, foi o dia em que minha vida mudou.
Ai de mim... Ainda quis me justificar perante a multidão dizendo que era inocente. Meu coração saia pela boca... Não tinha como não ver... Não tinha como fingir... Não tinha como não acreditar... Aquele Homem era Santo!
Quando ouvi de seus lábios uma oração dizendo: “Pai, perdoai, pois eles não sabem o que fazem”, entendi o que estava acontecendo naquele dia. Em cima daquela Cruz estava todo o pecado da humanidade. Inclusive o meu... Um homem chamado Simão, que antes de ajudar Jesus, o condenou e tentou justificar-se para todos que era inocente.
Um Simão fraco, que pensou em desistir, quando sentiu o peso da Cruz, mas que sentiu imediatamente o amparo e a força oculta daquele Cordeiro mudo, que carregou os meus pecados e permitiu que eu carregasse simplesmente uma cruz.
Foi assim que minha vida mudou! Foi assim que conheci um homem chamado Jesus, que mesmo diante de tanta dor e humilhação, conseguiu mostrar ao meu coração o verdadeiro amor. Aquele amor que não se cansa e nem descansa.
Sei que não era digno de ajudar aquele Homem em seu martírio, mas fiquei sabendo que Ele sempre foi assim... Sempre escolheu os fracos para confundir os fortes deste mundo. Perdão Senhor, Rei dos Judeus, e lembra-te de mim quando estiveres no Teu Reino.

Simão, o Cirineu.


Escrito por: Adryadson Flabio Nappi

segunda-feira, 8 de março de 2010

A efusão do Espírito Santo.

“Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão” (João 16, 12-13).

Refletindo essa passagem que Jesus anuncia a efusão do Espírito Santo, precisamos tentar tirar algumas coisas importantes para a nossa caminhada.
Infelizmente, a efusão do Espírito Santo foi “manchada” pelo orgulho e falta de discernimento de alguns e, por essa razão, passou a ser desacreditada por muitos. Isso é ruim para a nossa vida espiritual, pois um cristão que não clama a ação do Espírito Santo na vida cotidiana corre o risco de esfriar e até se afastar do caminho de Deus.
Não tenho medo de dizer que, nos dias de hoje, o cristão que não caminha no Espírito não consegue suportar a vida cristã em sua plenitude. Assim, passamos a viver Cristo pela metade e ser cristãos “mais ou menos”, vivendo apenas aquilo que é mais fácil.
Cristo é muito claro no seu discurso para os apóstolos, quando diz que precisava dizer muitas coisas para eles, mas sabia que não iriam suportar tais coisas sem a presença do Espírito Santo. Por essa razão, Ele prefere esperar o “tempo certo” para não perder aqueles que o seguia.
Toda teologia que aprendemos não pode nos afastar da certeza de fé que o Espírito se faz presente em todas as orações, como dizia Santa Terezinha. É Ele, o Espírito Santo, o centro das orações, pois nos dá força para sermos testemunhas e vivermos plenamente na verdade, como diz Cristo nessa passagem do evangelho.
A efusão do Espírito Santo depende da fé de cada um, para reavivar a chama do Espírito Santo que está em nós pela imposição das mãos ungidas de nossos sacerdotes e bispos.
Vemos isso claramente na segunda carta de São Paulo a Timóteo, “Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (II Timóteo 6-8).
Com toda certeza, Paulo está exortando seu filho espiritual a clamar pela força do alto, e reavivar o poder do Espírito, pois somente assim ele conseguiria “sofrer pelo evangelho” e ser testemunha de Cristo Jesus.
A grande polêmica nesse caso é o mal uso de alguns irmãos que dão mais valor para as coisas menos importante. Orar e pedir a efusão do Espírito Santo não é realizar rituais para adquirir “super poderes” como acontece com alguns, que fazem para a promoção pessoal ou de um grupo em questão.
Acima de tudo, a efusão tem conseqüências muito maiores do que simplesmente os dons espirituais. Os dons existem e não podemos discutir sobre isso. O Espírito é o mesmo ontem, hoje e sempre, conforme diz a palavra, e por isso, Ele pode e quer encher o seu povo de dons espirituais.
Porém, o maior dom que pode existir em uma comunidade está descrito em Atos dos apóstolos, onde lemos: “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação” (Atos 2, 42-47).
Esse é o modelo de uma comunidade repleta do Espírito Santo, que caminha firme para a salvação, guiada pelo fogo do Espírito Santo. Os dons espirituais, nesse caso, são os frutos dessa comunidade fiel, unida e perseverante.
Os dons não podem ser a causa de nossas orações, mas precisa ser a conseqüência. Deus presenteia quem Ele quer, com aquilo que Ele precisa, no momento que Ele deseja.
Por fim, não tenho dúvida que em uma oração de efusão do Espírito Santo, Deus concede o dom da palavra, da profecia, de línguas estranhas, de interpretações, e muitos outros mais, e nenhum teólogo pode dizer o contrário, pois estaria sendo totalmente incoerente com a exegese bíblica.
Porém, em todas as orações de efusão, precisamos pedir, acima de tudo, para sermos como aquela primeira comunidade cristã, pois todo o resto vem em acréscimo.
E onde deve acontecer a efusão do Espírito Santo? Em todas as orações da igreja, e de maneira mais que especial, na consagração do pão eucarístico, onde é o Espírito Santo que realiza a mudança da nossa oferta de pão e vinho, para corpo e sangue de Cristo! Essa é a maior e mais sublime efusão, pois Cristo se faz presente em nossa vida, através dela.
Não perca tempo, corra para a missa!
Deus nos abençoe sempre, e que o Espírito Santo invada e aqueça os nossos corações, fazendo-nos fortes e testemunhas do Seu amor. Amém.

Escrito por: Adryadson Flabio Nappi

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Bem vinda minha filha!



“Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mateus 7, 11).


Nunca mais o dia nove de fevereiro será esquecido em minha vida! Nesses meus onze anos de caminhada na igreja, já preguei muitos retiros, e muitos deles, falei sobre o amor de Deus Pai. De forma especial, hoje essa palavra de Mateus se cumpriu em minha vida!
Minha filha, quando olhei para você e pude ouvir o seu primeiro chorinho, meu coração se encheu de uma alegria inexplicável. Naquele instante, tudo pareceu mudar, como que eternizando a santidade daquele momento.
Olhei bem e pude ver a minha semelhança em ti e, sem conseguir explicar, já não sou mais a mesma pessoa que ontem. Seus olhinhos fechadinhos, querendo abrir para reconhecer a minha voz que tantas noites fizeram você pular no ventre...
Não consegui fazer nada... Apenas chorei por alguns instantes e silenciei, estático olhando seus primeiros e ousados movimentos naquele berçário. Pensei em Deus no momento em que criou seu primeiro filho... Creio que deva ter feito o mesmo! Ficou ali vendo a beleza de sua criação, sorrindo como quem não quer dizer nada... Ficou apenas observando.
Olhei em cada detalhe em você, e percebi como Deus criou cada pontinho do seu pequeno corpo. Um pequeno pezinho com pedacinho de unha... Como Deus te amou, e como Ele te ama filha!
Nesse momento, enchi o peito de uma alegria transbordante e só pude dizer “obrigado”. Agradeci a Deus por confiar tamanha riqueza a mim e minha amada esposa. Comecei a compreender de maneira mais profunda o verdadeiro sentido da Trindade Santa!
Quem é mais importante? O pai, a mãe ou a filha? Todos! Todos são um e um são todos! Hoje você é pra mim o elo que une o amor mais puro e sincero que sinto por sua mãe!
Você é o amor que se tornou fecundo! É o amor que se tornou pessoa, e habita hoje entre nós! Você é a preciosidade palpável do sentimento mais profundo que meu coração pode sentir... Você é sacramento! É sinal visível das coisas invisíveis... Sinal de Deus em nossa vida...
Você me faz amar ainda mais sua mãe! Você me faz ver a beleza de Deus e a simplicidade imensurável Daquele que cria, olha e zela por todas as coisas, em segredo e carinhosamente. Ele já te conhecia, já te amava e já te chamava para a vida, e agora, quero poder ser um pouco desse amor para você!
Meu maior pedido, como seu pai, é que eu possa apresentar para você Aquele que verdadeiramente sabe ser pai e sabe dar coisas boas para seus filhos! Que por todo o resto dos meus dias, eu consiga mostrar para você filha, tudo aquilo que Deus me fez sentir nesse dia tão especial do seu nascimento.
Saiba que você já é muito amada! Muitos recados, ligações, sorrisos e orações você conseguiu colher de tantas pessoas queridas e amadas por nós.
Estou contando as horas para te trazer para casa e cantar uma canção que brota do mais fundo do meu coração. Fiz essa canção, minha filha, para que você um dia, quando crescer e entender tudo o que estou escrevendo, possa sentir um pouquinho do muito que sua presença iluminada fez em meu coração!
Te amo muito!
Obrigado minha esposa e mamãe Vanessa, por proporcionar momentos tão divinos para o meu pequeno coração humano.
Seja bem vinda minha filha! Você é sim a Ana Clara, que veio para iluminar nossas vidas!
A maior prova da nossa eternidade é a capacidade que o Eterno nos deu de eternizar as coisas da terra. Isso eu aprendi no dia de hoje! Te amo eternamente, Vanessa e Ana Clara.

Canção pra te ninar.
(Adryadson F. Nappi)

Agora eu vou pedir, feche os teus olhinhos
Deite de mansinho, pra você dormir
Enquanto eu cantar
Canção pra te ninar

Deitada em meus braços,
Posso então sentir, a força pra seguir
Todos os teus passos
Pra poder cantar,
Canção pra te ninar

Não tenha medo agora, pois não irei embora
Ficarei aqui, pra ver você dormir
Agora eu posso cantar
Perdoa se eu chorar
Pois vejo a inocência, em teus sonhos passear
Feliz então eu canto
Canção pra te ninar
Escrito por: Adryadson Flabio Nappi

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quem nos separará do amor de Deus?


“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Realmente, está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia inteiro; somos tratados como gado destinado ao matadouro (Sl 43,23). Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou” (Romanos 8, 35-37).

Meus amados jovens,
Com certeza, Paulo não escreveu essa carta em um momento fácil de sua vida. Muitas provações, renúncias e perseguições já haviam acontecido em sua caminhada de apóstolo de Cristo.
A beleza de tudo isso é que mesmo assim, São Paulo nos encoraja com essas preciosas palavras. Palavras que falam forte ao coração e conseguem alcançar o mais profundo de nossa alma, quando verdadeiramente deixamos acontecer em nós essa experiência desse amor incomparável.
Posso dizer com toda a certeza de que nunca foi tão difícil alcançar o coração do jovem como nos dias de hoje. As experiências e opções de vida mudam a cada instante, tornando ainda mais complicado falar desse amor incondicional de Cristo.
Tudo parece estar diferente! O amor expresso na Cruz parece não ser mais suficiente para muitas pessoas, e o coração se afasta, buscando soluções falsas para alcançar felicidade e liberdade.
É certo dizer que quem é livre também é feliz, porém, que tipo de escolha estamos buscando para alcançar essa liberdade? Drogas? Nudez? Sexo “seguro” com camisinha? Estou alcançando a liberdade com isso?
Essas perguntas não querem calar em nossos corações jovens e não calarão, até o momento em que verdadeiramente encontrarmos o verdadeiro caminho. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14, 6) diz o Senhor.
É Nele e somente Nele que encontraremos a verdadeira liberdade e alegria. Assim já nos disse João Paulo II na jornada da juventude: “Queridos jovens, só Jesus conhece vosso coração, vossos desejos mais profundos. Só Ele, quem os amou até a morte, é capaz de saciar vossas aspirações. Suas palavras de vida eterna que dão sentido à vida. Ninguém fora de Cristo poderá dar-vos a verdadeira felicidade”.
É esse amor doado por Cristo que nos encaminha para uma vida verdadeiramente feliz. Uma verdadeira mudança em nossa vida começa com um verdadeiro encontro com Jesus. Assim, podemos conhecer o caminho e mudar o rumo de nossas vidas.
Quando esse encontro acontece de forma real, tudo muda em nós e conquistamos forças para mudar nossos pensamentos, nossos atos e nossa forma de viver. Isso é fácil? Claro que não! Nem tudo o que é fácil é o mais certo!
A grande verdade é que o mundo nos oferece caminhos fáceis, porém, falsos e temporários. Se eu quero ficar alegre, basta encher a cara com bebidas alcoólicas! Se eu quero um relacionamento fácil, basta eu “ficar” com alguém por uma noite na “balada”. Se eu quero esquecer os problemas, vou usar drogas que me façam ir além deles.
Nada disso basta! Tudo isso, ao invés de nos trazer a tão sonhada liberdade, trás prisão. Acorrenta-nos para o amor e para a ação do Espírito Santo, nos fazendo, cada dia mais, infelizes e vazios.
‘ Precisamos mudar de direção! Estamos na era do “Google” e queremos tudo na hora... Não sabemos mais esperar por um grande amor... Não queremos mais escolher o caminho mais difícil... E aí está o grande problema!
Não foi fácil também para Paulo! Quando Cristo entrou em sua vida, tudo mudou e, ainda assim, ele disse sim ao amor de Deus! Assim ele passou de perseguidor para perseguido! Daquele que colocou a lei acima de tudo para aquele que fala que o amor é muito maior! Quantas vezes ele enfrentou a prisão? Quantas vezes foi espancado? Quantas vezes tentaram matá-lo? E ainda assim, ele dizia: “Viver pra mim é Cristo e morrer pra mim é ganho!” (Filipenses 1, 21).
Assim ele combateu o bom combate e nada o afastou do amor de Deus. Nem a morte... Nem a dor... Nem a solidão... Prisões... Nada! Nem a espada que cortou seu pescoço! Nada o acorrentou e tudo o levou para o encontro com Cristo.
Por isso meu amigo, não queira buscar soluções fáceis para suas escolhas e nem respostas rápidas para as suas dúvidas, por que grande parte delas estão erradas e te levarão para o erro e para o sofrimento. Busque as coisas do alto e sua alegria que está escondida em Cristo Jesus, assim como diz São Paulo: “Buscai às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3, 2-3).
Termino dizendo o que São Paulo diria para nós agora: Quem nos separará do amor de Deus? Drogas? Sexo? Falsas amizades? Bebedeiras? Tristezas? Aflições? Perseguições? Nada, pois em todas essas coisas somos mais que vencedores em Cristo Jesus que nos ama sem limites!
Esse é o verdadeiro segredo de um jovem que faz a diferença! Faça a sua escolha! Escolha pelo o amor de Cristo e não se arrependerá!
Deus nos abençoe!


Adryadson Flabio Nappi





sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Deixo-vos a paz...

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!” (João 14, 27).



A paz é tudo o que alguém precisa... Mesmo sem saber, todos buscam a paz de alguma forma. Ter paz é um desejo íntimo de todo coração que verdadeiramente busca a felicidade.
Alguns buscam a felicidade trabalhando exageradamente, outros, nos bens materiais. Outros ainda, buscam nos prazeres mundanos... Festas, bebidas e até drogas pesadas. Todos, sem perceber, buscam a mesma coisa! A paz!
Cristo vem de encontro a essa necessidade de paz e se apresenta como a verdadeira paz. Somente Ele pode nos dar a paz que edifica e que traz felicidade.
Muitas vezes, ouço pessoas dizerem que dariam tudo o que conquistaram para poder ter um pouco de paz. Isso me faz lembrar o que diz no livro de Sabedoria: “Como se não bastasse terem errado acerca do conhecimento de Deus, embora passando a vida numa longa luta de ignorância, eles dão o nome de paz a um estado tão infeliz” (Sabedoria 14, 22).
Nosso conhecimento humano não pode definir essa paz buscada se não entrarmos na sabedoria divina e na sua maneira de trazer a paz. Antes de qualquer coisa, a paz é fruto da justiça, como meditamos na campanha da fraternidade desse ano.
Jesus veio trazer ao homem um conceito de paz diferente do conceito humano. Quando Ele anunciou sua missão profética ao povo de Deus, todos esperavam um líder guerreiro que trouxesse a libertação para o povo.
Porém, ao invés da espada, Ele usou o abraço. Repreendeu Pedro e curou a orelha daquele soldado que viera prendê-lo.
Preferiu dar a outra face e amar os inimigos... Dessa forma, Ele era o condenado à morte mais em paz que Pilatos havia interrogado. Sua paz interior era mais dolorida do que a espada e muito mais ameaçadora do que qualquer exército. Seu silêncio esbofeteava aquele homem que em um ato de desespero disse: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?” (João 19, 10).
A sabedoria mundana não pode entender isso! Como aquele Homem podia ficar quieto e não se defender daquelas acusações? Como não se justificava?
“O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo” (João 18, 36).
Essa foi a resposta que Cristo disse aquele homem que pensava ser digno em julgar Jesus. Ora, acho que ficou muito claro onde quero chegar, não ficou?
Se o Reino de Cristo não é desse mundo, a paz que Ele vem oferecer também não pode ser... É por isso que Ele mesmo diz: “Deixo-vos a paz... Não vo-la dou como o mundo dá”. A verdadeira paz em Cristo está muito acima de qualquer coisa terrena.
Ora, se fomos criados a imagem de Deus, então existe dentro de nós um desejo dessa verdadeira paz, que tentamos suprir com coisas que não suprem. Como diria um compositor popular “nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo” (Djavan).
O mar não pode encher aquilo que não está ao seu alcance. É como Cristo diz para aquela mulher no poço: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva. Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna” (João 4, 10-14).
Portanto, a paz verdadeira só pode ser encontrada naquele que verdadeiramente é o príncipe da paz, Jesus Cristo. Por isso, termino esse texto dizendo aquilo que maravilhosamente Santa Teresa d’Ávila reza de forma maravilhosa: “Nada deve inquietar-te, nada assustar-te. Tudo passa. Só Deus permanece mesmo. Tudo se consegue com paciência, e quem tiver Deus, possuirá tudo. Só Deus basta”.
Deus nos abençoe e nos dê a Sua paz!
Escrito por: Adryadson Flabio Nappi

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Amor "materno"de Deus

“Pois eis o que diz o Senhor: vou fazer a paz correr para ela como um rio, e como uma torrente transbordante a opulência das nações. Seus filhinhos serão carregados ao colo, e acariciados no regaço. Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém” (Isaias 66, 12-13).

Posso dizer com toda a certeza no coração que o amor de Deus para conosco é imensurável e incompreensível. Porém, Ele mesmo nos dá uma dimensão real e humana do Seu amor comparando seu Amor ao amor materno, que doa sua vida para os seus filhinhos. Isso me faz lembrar certa história que um dia li:
“Certa vez, perguntaram a uma mãe qual era o seu filho preferido, aquele que ela mais amava. "Nada mais volúvel do que um coração de mãe", respondeu ela. O meu filho preferido é o meu filho doente, até que ele sare. O filho que partiu, até que ele volte. O que está cansado, até que descanse. O que está com fome, até que se alimente. O que está estudando, até que aprenda. O que não trabalha, até que se empregue. O que é pai, até que crie seus filhos. O que chora, até que se cale, tranqüilo... Amo a todos com igual intensidade, acrescentou a mãe. E concluiu... O preferido é aquele que, no momento, está precisando de maior atenção e carinho” (autor desconhecido).
Essa pequena e bela história define de forma maravilhosa a dimensão do amor de uma mãe, que não tem preferência por nenhum dos seus filhos. A beleza disso é saber que o amor materno não impõe condições, comportamentos ou causas definidas.
Simplesmente, a mãe ama o filho pelo que ele representa em sua vida e não pelo que ele fez ou deixou de fazer para ela. Essa é a maior essência do amor! “Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém”.
Para Deus, é isso que somos! Pequenas crianças carentes do seu amor, sedentas por consolo, paz e carinho. Que bela promessa de Deus para nós! Ele nos carregará no colo e acariciará nossos rostos.
Quão bom e agradável é o nosso Deus. O Deus que não prefere ninguém, mas que ama a cada um especialmente, segundo a necessidade de cada momento. Um Deus que não se dá em partes para uma multidão mas que se doa plenamente para cada um individualmente.
Podemos pensar então que a medida do amor de Deus é a medida do amor de uma mãe? Em partes sim, porém, vai muito mais além do que isso. "Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos, tenho sempre sob os olhos tuas muralhas" (Isaias 49, 15-16).
"Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações" (Jeremias 1, 5) diz o Senhor. O amor de Deus vai ainda mais além do amor de uma mãe, pois antes que nossas mães nos amassem, Deus nos amou primeiro.
O amor materno é sim semelhante ao amor de Deus, porém ainda com a imperfeição humana. Deus nos ama com a perfeição máxima e plena de amar, pois Ele é a personificação desse amor. Perto de Deus só existe amor na sua forma mais bela e perfeita de ser, o amor ágape.
Te pergunto então: se uma mãe ama tão intensamente o filho que é capaz de dar tudo o que tem para ele, o que dirá então o amor de Deus? Só posso terminar citando o que Paulo escreve aos Romanos: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades,nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 8, 34-39).
Que Deus nos abençoe!

Escrito por: Adryadson F. Nappi