sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Deixo-vos a paz...

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!” (João 14, 27).



A paz é tudo o que alguém precisa... Mesmo sem saber, todos buscam a paz de alguma forma. Ter paz é um desejo íntimo de todo coração que verdadeiramente busca a felicidade.
Alguns buscam a felicidade trabalhando exageradamente, outros, nos bens materiais. Outros ainda, buscam nos prazeres mundanos... Festas, bebidas e até drogas pesadas. Todos, sem perceber, buscam a mesma coisa! A paz!
Cristo vem de encontro a essa necessidade de paz e se apresenta como a verdadeira paz. Somente Ele pode nos dar a paz que edifica e que traz felicidade.
Muitas vezes, ouço pessoas dizerem que dariam tudo o que conquistaram para poder ter um pouco de paz. Isso me faz lembrar o que diz no livro de Sabedoria: “Como se não bastasse terem errado acerca do conhecimento de Deus, embora passando a vida numa longa luta de ignorância, eles dão o nome de paz a um estado tão infeliz” (Sabedoria 14, 22).
Nosso conhecimento humano não pode definir essa paz buscada se não entrarmos na sabedoria divina e na sua maneira de trazer a paz. Antes de qualquer coisa, a paz é fruto da justiça, como meditamos na campanha da fraternidade desse ano.
Jesus veio trazer ao homem um conceito de paz diferente do conceito humano. Quando Ele anunciou sua missão profética ao povo de Deus, todos esperavam um líder guerreiro que trouxesse a libertação para o povo.
Porém, ao invés da espada, Ele usou o abraço. Repreendeu Pedro e curou a orelha daquele soldado que viera prendê-lo.
Preferiu dar a outra face e amar os inimigos... Dessa forma, Ele era o condenado à morte mais em paz que Pilatos havia interrogado. Sua paz interior era mais dolorida do que a espada e muito mais ameaçadora do que qualquer exército. Seu silêncio esbofeteava aquele homem que em um ato de desespero disse: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?” (João 19, 10).
A sabedoria mundana não pode entender isso! Como aquele Homem podia ficar quieto e não se defender daquelas acusações? Como não se justificava?
“O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo” (João 18, 36).
Essa foi a resposta que Cristo disse aquele homem que pensava ser digno em julgar Jesus. Ora, acho que ficou muito claro onde quero chegar, não ficou?
Se o Reino de Cristo não é desse mundo, a paz que Ele vem oferecer também não pode ser... É por isso que Ele mesmo diz: “Deixo-vos a paz... Não vo-la dou como o mundo dá”. A verdadeira paz em Cristo está muito acima de qualquer coisa terrena.
Ora, se fomos criados a imagem de Deus, então existe dentro de nós um desejo dessa verdadeira paz, que tentamos suprir com coisas que não suprem. Como diria um compositor popular “nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo” (Djavan).
O mar não pode encher aquilo que não está ao seu alcance. É como Cristo diz para aquela mulher no poço: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva. Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna” (João 4, 10-14).
Portanto, a paz verdadeira só pode ser encontrada naquele que verdadeiramente é o príncipe da paz, Jesus Cristo. Por isso, termino esse texto dizendo aquilo que maravilhosamente Santa Teresa d’Ávila reza de forma maravilhosa: “Nada deve inquietar-te, nada assustar-te. Tudo passa. Só Deus permanece mesmo. Tudo se consegue com paciência, e quem tiver Deus, possuirá tudo. Só Deus basta”.
Deus nos abençoe e nos dê a Sua paz!
Escrito por: Adryadson Flabio Nappi

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